sexta-feira, 22 de setembro de 2017

Homenagem merecida

Achei muito interessante e verdadeiro o artigo escrito pelo amigo Bereci da Rocha Macedo, a respeito do amigo comum Gelmo Flores de Lima, comerciante do ramo de bar e lancheria, em São Gabriel, local que frequentei por muitos anos, quando morava na cidade.

O seu Lima, como é carinhosamente chamado, expele simpatia por todos os poros. Quando vou a São Gabriel, sempre sobra um tempinho para ir visitá-lo, tomar o café da manhã bem cedinho, ler as páginas esportivas de Zero Hora e mais tarde voltar para a cerveja amiga.

Por lá costumam ir muitos amigos, entre eles o próprio Bereci, o João Alfredo Bento Pereira, Flávio Lucca, Flávio Socca e antigamente o tenente Dutra, velho companheiro de pescarias, que há muitos anos não vejo.

Mas vamos ao que interessa, o bonito artigo do amigo Bereci, intitulado Gelmo Flores de Lima.

Natural de São Vicente do Sul, nascido no dia 10 de janeiro de 1935, o referido cidadão chegou para ficar na nossa querida São Gabriel no ano de 1970, há portanto, 47 anos.

Estabeleceu-se como comerciante, e, ao longo dos anos, foi logo conquistando uma clientela fiel pelo seu modo de tratar, mas principalmente pela disciplina, respeito e camaradagem reinantes em seus estabelecimentos, o que impera até os dias atuais.

Acompanho o “Seu Lima” desde os tempos da Rodoviária Velha à Rua Celestino Cavalheiro; na Praça Fernando Abbott; no Cine Vitória; na esquina da Rua Coronel Soares com a Rua Tristão Pinto; na própria Rua Tristão, na frente da Agência do IPERGS e hoje na Rua Mascarenhas de Moraes.

Todos têm a sua preferência, mas para mim nenhum dos locais onde o Gelmo se estabeleceu com seu comércio teve maior destaque do que o Bar à Rua Tristão Pinto, na frente do Ipê, talvez por ter sido o de maior frequência e se não me falha a memória, o mais duradouro.

De quando em vez era auxiliado nas tarefas mercantis pela sua mulher, dona Dora Paulina Del Duca que ele buscou em Bagé e de cuja união nasceu a Ana Antonieta e a Maria Luiza.

O Gercy, o Hero, ou Ero, o Pérsio, o Aladi (y) e o Gersio, todos irmãos que também se estabeleceram nesta cidade e muito contribuíram com o seu desenvolvimento. Inicialmente foram tratados carinhosamente de Irmãos Lima.

Foi no Bar do Lima à Rua Tristão Pinto que o João Alfredo Reverbel Bento Pereira debutou na vida de bar (e parece que gostou), pois até então ele desconhecia esse tipo de convivência, pelo menos aqui. Não sei se ele lembra, mas eu lembro perfeitamente.

Freqüentei muitos bares, mas acredito que o Bar do Lima marcou mais.

Aprendi ao longo da vida que as pessoas devem se impor e jamais impor, independente da atividade que exerçam e no Bar do Lima, que eu lembre, apesar da diversidade dos frequentadores, nunca houve alaúza, enfrentamentos e anarquia devido à imposição moral exercida pelo Gelmo. Todos o respeitam.

O Gelmo comprova minha teoria de que não é com bordoadas que se educa, mas sim com energia sustentada no respeito e no carinho.

De quando em vez ainda tomo o café da manhã no Bar do Lima, pois é o Gelmo quem faz o pastel (não é terceirizado). Em um dia desses estou tomando meu café e chegam dois cidadãos de Porto Alegre (dito por eles), um muito falante e o outro mais reservado. 

O falante disse: Quero tomar um café, como o desse cavalheiro, acompanhado de um pastel. O Gelmo prontamente serviu. Ao levar o dorso da mão no pastel o cidadão perguntou: Não dá para esquentá-lo? Ao que o Gelmo respondeu: Não. 

O homem retrucou: Mas está frio. O sério e impassível Gelmo, com os braços cruzados saiu com essa pérola: Eu recém o tirei da geladeira. Diante de tamanha delicadeza o cidadão tomou o café, comeu o frio pastel e certamente foi comentar o ocorrido em Porto Alegre onde ele costuma tomar café e comer pastel quentíssimo.

Esse é o nosso querido Gelmo, proprietário do Bar do Lima, e já nosso conterrâneo, pois adquiriu esse direito pelos anos que nos brinda com seu estilo extraordinário e próprio, sem mostrar os dentes, aparentemente de durão, mas que tem uma alma na qual abriga carinhosamente cada um e todos os frequentadores do Bar do Lima.

Caro Gelmo, muito obrigado pela tolerância que sempre tiveste comigo e que continues feliz junto com todos os que te são caros.

Nenhum comentário:

Postar um comentário